Gestão de mudanças é um processo, com etapas, método e atividades estruturadas e integradas que levam à instalação desta competência organizacional
Ao conversar com CIOs e diretores de TI de empresas de diversos segmentos, tenho constatado que a reflexão sobre a aplicação de práticas de condução de mudanças organizacionais já está mais presente em suas agendas. Isto é um fato. Por que? Porque todos percebem que é necessário começar a aplicar as lições aprendidas de projetos vividos e, portanto, apostar e investir em fazer novos caminhos para não enfrentar velhos problemas conhecidos. Isto é gerir mudanças organizacionais e no modelo de gestão de seus projetos.
Então, quando me perguntam se há novidades sobre Gestão de Mudanças Organizacionais (GMO) respondo que não. Este é um assunto que já encontramos no discurso de muitos diretores e CIOs, pois estão cientes que esta técnica apoia a melhor condução das estratégias (e das mudanças); que objetivos e metas empresariais serão alcançados com menos retrabalho (e replanejamento); e, consequentemente, menos custos.
Não há novidades no tema. Há mudanças. Mudança na forma como as áreas de tecnologia, e toda a organização, reconhecem hoje esta prática como um conhecimento empresarial.
Uma das mudanças está diretamente ligada aos gestores, entre eles os de TI, que passam a compreender a necessidade de desenvolver um processo estruturado de mudanças em seus projetos, na empresa e em suas áreas. Avançam no sentido de entender cada vez mais que GMO não é um evento esporádico; GMO é um processo, com etapas, método e atividades estruturadas e integradas que levam à instalação desta competência organizacional.
Outro aspecto é uma abordagem da questão de GMO como investimento no conhecimento empresarial, da mesma forma como são realizados investimentos em conhecimento de gerir projetos, novas tecnologias e novas linguagens de inovação. Tratar Inovação é tratar mudanças.
Mas, qual é o risco atual? Em épocas de crise e cortes em orçamentos, voltamos a olhar novamente este ativo empresarial de forma restrita. Não perceber que é na crise que precisamos localizar as oportunidades de fazer diferente para chegar em resultados melhores. E com GMO como método, prática e ferramenta, este caminho se viabiliza. Pensar diferente para obter novos resultados.
Assim, o velho modelo de cortar custos em capacitação e conhecimento não pode prevalecer. Precisamos inverter esta lógica e modelo antigo. Atuar na raiz que é ter pessoas capacitadas e processos estruturados que, juntos, organizam o conhecimento e resultados da empresa.
A mensuração para tais resultados não deve ser feita a partir do número de colaboradores capacitados, e sim no que cada um desses funcionários pode agregar de valor para a empresa e em quais atividades. Esta é uma mudança relevante no nosso modelo de gestão e um papel importante que pode ser conduzido a partir das práticas de GMO.
A estruturação de um método de GMO e sua governança integrada com as demais técnicas de TI (projetos, processos e indicadores de resultado) deve sempre levar em consideração o cenário e especificidades de cada empresa. Não há “receita de bolo”, mas há como desenvolver pessoas que sabem “misturar muito bem os ingredientes corretos” para cada ocasião. Tenho visto técnicas de GMO aplicadas em alguns projetos das áreas de tecnologia, pois é ali que chegam as inovações, as novas tecnologias; e com elas as reivindicações de mudanças. Mas ainda são poucos os casos que tratam o tema como ativo da organização.
Outra mudança importante sobre GMO nas empresas é o início da disseminação desta prática em outras áreas. Por exemplo, na área de abrangência do CFO (Chief Financial Officer), do CSO (Chief Strategy Officer) ou CHRO (Chief Human Resources Officer) ou CCO (Chief Culture Officer), entre outros.
Independente do que acontecer na empresa, pense em: (1) atuar em GMO de forma estruturada, por processo, para garantir o aprendizado; (2) sustentar as mudanças com ganhos mensuráveis e significativos, visando proporcionar a inovação interna que a empresa tanto necessita; (3) organizar e orquestrar este conhecimento por meio de uma governança corporativa integrada.
Pessoas certas, no lugar correto e com as responsabilidades bem definidas é a receita exata para transformar problemas em soluções e em ganhos efetivos em todos os setores.
Fonte: Computerworld