A TV por assinatura é a terceira mídia mais consumida no Brasil, atrás apenas de Internet e TV aberta. De acordo com estudo do Target Group Index, apresentado pela Associação Brasileira de TV por Assinatura no lançamento da Feira e Congresso ABTA 2015 nesta terça, 28, a TV paga saltou da sexta posição, em 2010, passando jornais, revistas e rádio.
No entanto, de acordo com Oscar Simões, presidente da ABTA, a evolução da base de assinantes do serviço no primeiro trimestre de 2015 mostra que o mercado estabilizou. “As vendas continuam acontecendo em ritmo bom, mas a base não cresce por que tem agora a inadimplência e os efeitos decorrentes da crise econômica”, disse o executivo. Segundo ele, a previsão da associação é que o setor tenha crescimento zero este ano. “Se houver algum crescimento, será muito pequeno. É difícil prever quando acontecerá a retomada econômica, mas em algum momento vamos sair (da crise). A partir do momento que as condições melhorarem, voltaremos a crescer. Há ainda muito espaço para isso”, diz Simões.
O presidente da ABTA destaca que, enquanto o custo de vendas cresce, com a desvalorização do Real e o aumento no custo com equipamentos, a possibilidade de obter lucro líquido cai por conta do aumento tributário, em alguns estados. “A contribuição tributária do setor nos últimos cinco anos dobrou, já que a base dobrou. Mesmo assim, tem estado ‘sapecando’ mais 50% (de aumento) na alíquota (do ICMS). É uma pressão de custo que nos apavora muito. Não queremos ter preços crescentes inibindo o crescimento”, diz Simões.
Os desafios para o crescimento serão abordados no Congresso do evento, que acontece entre os dias 4 e 6 de agosto, em São Paulo. O evento terá a presença de dois ministros e dois presidentes de agências reguladoras. Os ministros Ricardo Berzoini, das Comunicações, e Juca Ferreira, da Cultura, e João Rezende e Manoel Rangel, da Anatel e da Ancine, respectivamente, apresentam as políticas setoriais e os desafios atuais do ponto de vista regulatório para permitir que o setor mantenha um ritmo de crescimento.
A estratégia das maiores operadoras e programadoras também está no conteúdo do evento. O presente e o futuro da TV paga será debatido pelos principais executivos da Vivo (Amos Genish), Oi (Bayard Gontijo) e América Móvil (José Félix).
Como canais e programadores se adaptarão a novos modelos de negócios e ampliarão as receitas será tema de debate entre os principais executivos das maiores programadoras atuantes no mercado: Alberto Pecegueiro (Globosat), Fernando Medin (Discovery), Rodrigo Marques (Net), Anthony Doyle (Turner) e Diego Guebel (Band).
Banda larga
Enquanto o serviço de TV paga apresenta leve queda no início de 2015, o serviço de banda larga prestado pelas operadoras de TV ainda tem crescimento substancial. Apenas entre operadoras do setor, foram contabilizados 200 mil novos assinantes de dados no primeiro trimestre, um crescimento de 3%. “As ofertas múltiplas trazem um ganho de escopo e maior competitividade. O custo de capital da infraestrutura também é reduzido”, explica Simões.
Por outro lado, aponta Simões, a relevância dos pequenos operadores de dados na TV por assinatura, deve ser incipiente. “A participação dos ISPs será sempre pequena. É um mercado que demanda uma escala mínima. É preciso investir na frente para colher no futuro e o prazo de retorno não é curto”, diz.
Segundo Rubens Glasberg, presidente da Converge Comunicações, realizadora do evento e editora deste noticiário, o tema estará abordado no congresso e a feira receberá executivos dos Internet Service Providers (ISPs). Os desafios que os pequenos provedores de acesso estão enfrentando para entrar no mercado de TV por assinatura será debatido por ISPs com a participação da Abrint, associação que reúne estes operadores.
Publicidade
Segundo Oscar Simões a publicidade terá um papel mais importante em ajudar a pagar a conta dos programadores, embora, segundo executivo, a assinatura ainda seja a principal fonte de receitas. Com a variação cambial, lembra Simões, programadores internacionais encontram dificuldades em cumprir metas definidas num momento de maior valorização do Real, crescendo a importância da publicidade na composição das receitas.
Rubens Glasberg destaca que, com o aumento da base de assinantes, a TV por assinatura ganhou importância como mídia publicitária. “No ano passado, a TV paga e a mídia externa foram os únicos setores que cresceram no faturamento publicitário. A tendência se mantém este ano”, diz.
O segundo dia da ABTA, pelo segundo ano consecutivo, concentrará as atenções aos debates em torno da publicidade. O evento reunirá profissionais de mídia das agências e programadoras e trará ainda grandes anunciantes apresentando cases de sucesso.
Pirataria
O roubo de sinal de TV por assinatura também estará abordado no evento. Segundo Simões, a fase romântica do “gatonet” foi combatida com a codificação do sinal. “Hoje a pirataria está em outra fase, com os esforços para a quebra do acesso condicional das operadoras. É uma briga de gato e rato eterna”, explica.
No Congresso ABTA 2015 será apresentada uma pesquisa atualizada sobre a situação da pirataria no Brasil, em painel com a presença do deputado federal Nelson Marchezan Júnior, da Frente Parlamentar Mista de Combate à Pirataria. Segundo Simões, há entre 4 e 5 milhões de conexões clandestinas no Brasil. “Sem a pirataria, uma parte desta base seria convertida em assinantes”, garante o presidente da ABTA.
STAs de TICs
Este ano, o evento traz uma novidade no Seminário de TV por Assinatura (STA), promovido anualmente com o patrocínio do Sindicato das Empresas de TV por Assinatura. O evento terá sessões especiais abordando o tema de TICs (tecnologia da infirmação e comunicação) na TV por assinatura.
Serviço:
A Feira e Congresso ABTA 2015 acontece entre 4 e 6 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. As inscrições podem ser feitas no site do evento, que traz ainda a programação completa do Congresso e do STA.
Fonte: Convergecom